Artigo: Um mar de privilégios
BrasÃlia – Confira o artigo “Um mar de privilégios”, de autoria do presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, publicado na edição desta segunda-feira (07), no jornal Zero Hora.
Um mar de privilégios
No momento em que o PaÃs atravessa sua mais aguda crise ética e moral, é inaceitável a inércia de setores polÃticos em encontrar soluções para o efetivo combate à corrupção e a impunidade.
Enquanto alguns agentes do meio polÃtico tentam a própria salvação a qualquer custo, o cidadão percebe que o foro por prerrogativa de função – o famigerado foro privilegiado – virou deboche com a sociedade, esta é a verdade. Um instrumento que serviria para proteger instituições da República acabou virando escudo para processos que não têm fim.
A OAB tem agido para viabilizar uma reforma polÃtica real, perceptÃvel, na qual o voto realmente tenha o poder de mudar cenários e velhos hábitos.
A decisão do Supremo Tribunal Federal que estabeleceu novas regras para o foro privilegiado a parlamentares abre uma clara oportunidade para estabelecer um novo patamar no cenário polÃtico, propiciando que culpados não sejam mais beneficiados pelo manto estabelecido pelo foro. Porém, restam ainda cerca de 50 mil cargos que possuem tal privilégio. Para que distorções sejam corrigidas, faz-se necessário que o Legislativo avalie de maneira aprofundada a real necessidade de tamanho contingente de pessoas usufruÃrem de tal prerrogativa.
Além disso, outras benesses concedidas a algumas autoridades causam espanto: falta de critérios efetivos para concessão de veÃculos oficiais, abundância de viagens em aeronaves públicas para fins privados e muitos penduricalhos salariais que, por vezes, ultrapassam e muito o teto constitucional do funcionalismo.
A OAB, em sua missão de defesa da cidadania, tem agido para viabilizar uma reforma polÃtica real, perceptÃvel, na qual o voto realmente tenha o poder de mudar cenários e velhos hábitos. Pregamos, também, a reflexão sobre a importância dos bons exemplos nos cargos decisórios do paÃs e em todas as áreas. Somente com representantes comprometidos com o interesse público, e não com suas causas privadas, será possÃvel a esperada mudança no cenário atual.
Este 2018, por ser um ano eleitoral e por tudo que já nos apresentou, abre ao eleitorado a chance de repelir candidatos que não estejam comprometidos com os reais interesses da sociedade. Votar e vigiar, essa é a regra a ser seguida.